Em 30 de novembro de 1986, na cidade de João Câmara (74 km da capital), era registrado o maior evento sismológico do Brasil. O maior tremor de terra já visto no país e com um número, sem precedentes, de destruição. O episódio teve ampla cobertura da imprensa nacional, foram mais de 3.000 casas destruídas e mais de 12.000 moradores que deixaram a cidade em busca de abrigo. Marcando 5.3 pontos na escala Richter (índice considerado muito alto), o episódio ainda marca a memória de muitos moradores da região. Recentemente o evento virou até livro, chamado “João Câmara, 1986: os abalos sísmicos e seus efeitos”, publicado pelo professor e pesquisador Mario Takeya que na época dos sismos integrava o Laboratório de Sismologia da UFRN. No livro, editado pelo Sebo Vermelho, o professor descreve a repercussão do terremoto e as consequências naquele 30 de novembro de 1986.
Em pesquisa desenvolvida em sua monografia junto ao departamento de Geografia, Pedro Gabriel Phillips, explica que os fatores de risco existentes no município de João Câmara, estão atrelados a existência de uma falha geológica denominada de “Falha Sísmica de Samambaia”, esta que devido a sua dinâmica, constantemente provoca abalos sísmicos que remontam registros de séculos atrás. O pesquisador alerta, ainda, que mesmo passado mais de três décadas do desastre, não houve medidas de planejamento por parte da gestão pública com o intuito de melhorar a situação da cidade para lidar com um potencial novo sismo de alta magnitude semelhante ao de 1986.
A escala Richter foi criada em 1935 para quantificar a intensidade de energia liberada por um abalo sísmico. A escala varia de 0 a 10. O maior terremoto já registrado ocorreu em 1960 no Chile com uma surpreendente marca de 9.5 graus, gerando um maremoto com ondas de até 10 metros de altura, as ondas apagaram cidades inteiras do mapa, causando a morte de mais de 2.000 mil pessoas e deixando um rastro de destruição incalculável.
No Brasil, vários tremores já foram registrados com intensidades diferentes, mas, João Câmara é, sem dúvida, o que deixou o maior rastro de destruição e muitos traumas, gerando inúmeras reportagens e documentários sobre o acontecimento. “Não poderíamos deixar de relembrar um acontecimento tão importante como esse. O sismo que ocorreu em 1986 abalou todo o país e mexeu diretamente com muitas famílias. Vamos rememorar e homenagear todo aquele trabalho e aqueles que trabalharam na época”, explica o coordenador do LabSis, Prof. Dr. Aderson Nascimento. Abaixo segue trecho da cobertura nacional da época.