O diplomata e abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco (1849—1910) foi um grande amante da fotografia, fosse no foco ou atrás das câmeras. No dia 19 de agosto, quando festejamos seu aniversário, o mundo celebra também o Dia Mundial da Fotografia.

Nesta data, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio do seu Centro de Documentação e Estudos da História Brasileira (Cehibra), promove a I Jornada Fotografias e Coleções. A iniciativa contará com quatro mesas de debate, convidados especiais e transmissão no canal da Fundaj, no YouTube, entre as 10h e as 17h30.

Quem destaca a relação do patrono da Instituição com a fotografia é a coordenadora do Cehibra, Betty Lacerda. “Joaquim Nabuco gostava de ser fotografado, frequentava estúdios de fotografia tanto no Brasil quanto no exterior.

Percebemos que registros de família e de sua vida pública são assinados por grandes e conhecidos fotógrafos das casas mais importantes de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Recife”, aponta. “No livro ‘Minha formação’, ele escreve que gostaria de ter voltado ao Engenho Massangana [onde viveu até os oito anos, no Cabo de Santo Agostinho] com a sua Kodak.”

Pesquisadora do Cehibra, Cibele Barbosa amplia o panorama sobre esta relação às 10h, na mesa ‘A fotografia entre o público e privado: o retrato na Belle Époque’.

“Nabuco tem uma centralidade porque viveu o tempo no qual a fotografia surgiu e se reproduz no Brasil. Ele foi um observador do Século XX, muito atento ao poder desse recurso, às possibilidades do retrato, em diferentes formatos e técnicas”, adiciona Cibele. Ainda nesta mesa, a também pesquisadora Rita de Cássia Araújo, da Fundaj, esmiúça as características e contexto social dos retratos da Coleção Francisco Rodrigues.

Atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce, o primeiro registro fotográfico data de 1826. Quase dois séculos depois, o recurso transformou o mundo, seja por ampliar a percepção da humanidade no aspecto antropológico ou pela sua presença no cotidiano, dos eventos familiares às recentes redes sociais.

Na Jornada, os participantes apresentarão um panorama de estudos e trabalhos voltados ao fazer fotográfico em diversos tempos e lugares. Com diversas coleções de fotógrafos e colecionadores, o Cehibra detém atualmente aproximadamente 250.000 documentos fotográficos.

Às 11h30, a segunda mesa reflete ‘A paisagem fotografada: olhares estrangeiro’s. Para ela, recebemos a coordenadora do curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Renata Víctor, especialista em Fotojornalismo, que reflete sobre o olhar do francês Edmond Dansot.

Já a historiadora Fabiana Bruce, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, comenta a história e obra do letão Alexandre Berzin, desde o país natal até as ruas recifenses dos Anos 1950.

Dansot e Berzin ajudaram a contar a história da capital pernambucana através da foto. A mediação é de Sylvia Couceiro, também pesquisadora da Casa.

As religiosidades de matrizes africanas integram a programação da terceira mesa, ‘Ruas e Ritos sob o olhar fotográfico’, às 14h, com mediação do pesquisador da Fundaj Rodrigo Cantarelli.

Especialista em temas que envolvem o debate racial, a pesquisadora Rosalira Oliveira reflete a alteridade nos registros da Coleção Rucker Vieira. Enquanto Sylvia Couceiro amplia o debate para os percursos afrodescendentes na fotografia.

Nesta mesa, o quadro é completado pela fotógrafa Roberta Guimarães, que compartilha processos na construção da Coleção Agô, doada ao Cehibra em 2019.

Quem enxerga a fotografia como objeto estático não pode perder a quarta e última mesa da edição de estreia do Jornada. ‘Cidade e andanças fotográficas’ discute as percepções sobre o espaço-tempo do território, evidenciadas em coleções como as de Benício Dias, Ecletismo e Wilson Carneiro da Cunha.

São mudanças estruturais, como reformas, extinção de monumentos e investigações arquitetônicas. Com mediação de Cibele Barbosa, a mesa recebe às 16h, os arquitetos e pesquisadores Cristiano Borba e Rodrigo Cantarelli, além da historiadora Rita de Cássia. Todos pesquisadores da Fundaj.

Para Rita de Cássia, fotógrafos como Benício Dias conseguiram algo que está além do documental e recordativo. “Ele domina a arte de saber ver e fixar o imponderável das coisas. No Século XX, Dias percebe as contradições urbanas do Recife, uma metrópole regional e periférica”, atiça a historiadora.

No último ano, Rodrigo Cantarelli lançou o catálogo Historicismos na arquitetura dos subúrbios recifenses, em que apresenta um recorte da Coleção Ecletismo. São mais de 1,3 mil negativos, presentes no setor de iconografia da Instituição, dos quais o pesquisador selecionou 302.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

10h-11h
Mesa I- A fotografia entre o público e privado: o retrato na Belle Époque
Boas-vindas – diretoria da DIMECA
Joaquim Nabuco e a fotografia – Cibele Barbosa (Cehibra-Fundaj)
2. O retrato na coleção Francisco Rodrigues – Rita de Cássia Araújo (Cehibra-Fundaj)
Mediação: Albertina Malta (Cehibra-Fundaj)

11h30-12h30
Mesa II- A paisagem fotografada: olhares estrangeiros
Edmond Dansot: o olhar de um francês sobre a paisagem – Renata Víctor (Unicap)
Alexandre Berzin: da Letônia para as ruas do Recife – Fabiana Bruce (UFRPE)
Mediação: Sylvia Couceiro (Cehibra-Fundaj)

14h-15h30
Mesa III- Ruas e Ritos sob o olhar fotográfico
Imagens da alteridade: as religiões afro na coleção Rucker Vieira – Rosalira Santos (Cehibra-Fundaj)
Percursos afrodescendentes na fotografia – Sylvia Couceiro (Cehibra-Fundaj)
3. Cores e religiosidades na coleção Agô – Roberta Guimarães (fotógrafa)
Mediação: Rodrigo Cantarelli (Cehibra-Fundaj)

16h-17h30
Mesa IV- Cidade e andanças fotográficas
Benício Dias e os retratos de uma cidade em transição – Rita de Cássia Araújo (Cehibra-Fundaj)
Wilson Carneiro da Cunha e os martírios de um bairro – Cristiano Borba e Cibele Barbosa (Cehibra-Fundaj)
Registros fotográficos e arquitetônicos de uma cidade eclética – Rodrigo Cantarelli (Cehibra-Fundaj)
Mediação: Cibele Barbosa (Cehibra-Fundaj)

Serviço
I Jornada Fotografias e Coleções
Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra)
Data: 19 de agosto
Horário: 10h às 12h e 14h 16h10
Transmissão no canal da Fundaj, no YouTube

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